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  • Foto do escritorYanara Miranda

CARREIRA PROFISSIONAL FEMININA

O trabalho é uma categoria fundamental que possibilitou o debate sobre a divisão sexual do trabalho. Essa divisão opera de duas formas: na SEPARAÇÃO entre trabalho produtivo e trabalho reprodutivo. Pois, historicamente o trabalho reprodutivo é responsabilidade das mulheres, enquanto o trabalho produtivo é responsabilidade dos homens. O trabalho produtivo é assalariado, acontece no meio público e tem prestigio social. Já o trabalho reprodutivo não é assalariado, acontece no meio privado, o que o torna invisível e não tem qualificação social ("ela é dona de casa ou trabalha?").


E na HIERARQUIA do trabalho. Ou seja, o trabalho do homem vale mais que o trabalho da mulher. Mesmo a mulher tendo maior escolaridade, os salários dos homens são maiores, são eles que ocupam a maior porcentagem em cargos de chefia, além da questão de prestigio. O trabalho do homem é mais valorizado do que o trabalho da mulher.


O crescimento da industrialização no século XIX no Brasil resultou na necessidade de uma maior demanda de trabalhadores assalariados nas fábricas. Dessa forma mulheres jovens, solteiras, de origem mais humildes e que tinham o objetivo de auxiliar na renda familiar e manter seu próprio sustento, na grande maioria - mulheres brancas, assumem também o trabalho produtivo. Enquanto as mulheres pretas já estavam no mercado de trabalho antes disso, por necessidades sociais. 


Mulheres de diferentes gerações foram impactadas pelo contexto social da sua época, mas também sofreram com os estereótipos e barreiras sociais atribuídos aos seus marcadores da diferença ao longo dos anos. Logo, a vida de mulheres cis brancas é diferente de mulheres negras e indígenas, mulheres trans, mulheres com deficiência.


Hoje, as mulheres lideram negócios e conquistam possibilidade da independência financeira, para além da maternidade e trabalhos domésticos.  Entretanto, mesmo com as conquistas ao longo da história, elas ainda precisam enfrentar batalhas para serem tratadas com respeito e igualdade. A construção histórica de que há trabalhos para homens e trabalhos para mulheres é um dos marcadores da divisão sexual do trabalho, que dificulta o acesso de pessoas do gênero feminino a diferentes postos profissionais. 


Em pleno século XXI, conseguir estar no mercado de trabalho e ter perspectivas de crescimento profissional, ainda são obstáculos enfrentados pelas mulheres. Muitas vezes, ao encontrar uma mulher nas organizações, ela é colocada em uma situação de inferioridade em relação ao masculino, seja em imagem, prestígio ou salário. As mulheres ainda ganham em média 20% a menos que os homens no mundo, mesmo com o maior grau de escolaridade. E quando observamos quem são as pessoas que ocupam cargos de liderança e posições de maior visibilidade na sociedade, na maioria das vezes, encontramos homens.


Na diferença salarial: o rendimento das mulheres representa, em média, 77,7% do rendimento dos homens (R$ 1.985 frente a R$ 2.555), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2019. Entre os principais grupos ocupacionais, a menor proporção é observada em cargos de direção e gerência: os salários delas equivalem a 61,9% dos salários deles – o salário médio das mulheres é R$ 4.666, e o dos homens é R$ 7.542. Em seguida estão profissionais das ciências e intelectuais, grupo em que as mulheres recebem 63,6% do rendimento dos homens. A taxa de desemprego entre as mulheres é de 14,1%, enquanto a dos homens é 9,6%.


São elas que dedicam mais tempo a trabalhos domésticos, num total de 21,4 horas semanais, enquanto os homens destinam 11 horas por semana para essas atividades. Com isso, as mulheres ficam mais sujeitas a trabalhos informais, mais precários ou a contratos intermitentes ou a tempo parcial.


Muitos estereótipos conduzidos socialmente ditam padrões que as inferiorizam, fazendo com que sejam consideradas menores e menos capazes no contexto em que estão inseridas. E, quando consideramos os atravessamentos distintos, os impactos se multiplicam para mulheres negras, trans, com deficiência, 50+, entre outros marcadores sociais. Mecanismos de exclusão como o racismo, o machismo, a LGBTfobia, o etarismo e o capacitismo, por exemplo, se fazem presente no dia-a-dia delas. 

 

Outro grande preconceito na carreira da mulher é dizer que ela chegou em uma posição de sucesso por ter um homem que a ajudou. Mais uma vez seu valor está associado a um estereótipo e não ligado à sua real competência. O tempo todo a mulher precisa se justificar ou se proteger de situações que a sociedade impõe.


A maternidade se relaciona muito com a desigualdade de genero no mercado de trabalho. Os impedimentos que a responsabilizaçãoda mulher nos cuidados com os filhos geram e a discriminação, pesam na  balança para as mulheres e refletem em menor remuneração salarial, redução da empregabilidade e das perspectivas do desenvolvimento da carreira profissional.


São inúmeras as situações que exemplificam os desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade, mesmo quando conseguem ingressar no mercado de trabalho. Para começar, é preciso reconhecer o problema e a necessidade de ações concretas para reduzir a desigualdade de gênero. As empresas precisam olhar para suas lideranças e capacitá-las para serem mais diversas e inclusas. Além disso, as mulheres precisam ser incentivadas e desenvolvidas, com acesso a oportunidades de crescimento e salários justos.


Já tivemos conquistas importantes ao longo da história, mas ainda falta muito para sermos um mundo melhor, mais acolhedor, respeitoso e seguro para as mulheres. Para isso, empresas e sociedade em geral precisam se dedicar e se entregar nas ações, com foco em diversidade e equidade de gênero. Seguimos!


REFERÊNCIAS:

  • “Feminismo: Porque Lutamos? ” Caixa de ferramentas: conceitos fundamentais | Mariana Venturini

  • - “Quem tem medo do Feminismo Negro?” Djamila Ribeiro

  • - “O Segundo Sexo” Simone de Beauvoir

  • - “Feminismo em Comum” Marcia” Tiburi


IMAGEM:

Artista Peve Azevedo


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