top of page
Buscar
  • Foto do escritorYanara Miranda

CRIANÇA NÃO NAMORA

Quando duas crianças se tornam muito próximas, principalmente se for uma amizade entre os sexos oposto, os adultos costumam fazer brincadeiras dizendo que são “namoradinhos”. Códigos estão sendo passado aqui: um é de que não é possível amizade entre meninos e meninas, outro, sobre a erotização infantil e adultização precoce das crianças.


Segundo a própria definição do dicionário, erotização é a ação ou resultado de erotizar-se, que por sua vez é provocar sensações eróticas em alguém ou em si mesmo; sentir excitação. Portanto, a erotização infantil é praticar essa ação em relação a crianças. E adultizar é o ato de dar ou tomar caráter de adulto. A adultização infantil atravessa as etapas de desenvolvimento da criança e antecipa seus aprendizados, o que pode ser bastante nocivo. Podemos entender que toda erotização infantil adultiza, mas nem toda adultização erotiza.


A primeira infância, é o período de desenvolvimento mais importante da vida de uma pessoa. Do nascimento até os 6 anos, é a janela em que as experiências, descobertas e afetos são levados para o resto da vida. A educação integral e saudável é defendida como aquela que contempla a multiplicidade de dimensões da criança. Ou seja, que considera que a criança tem uma existência física, mental e psíquica.


Os estímulos e interação pavimentam o caminho para o desenvolvimento da criança e posteriormente, o adulto. É preciso respeitar o desenvolvimento cognitivo de cada etapa da vida da criança. Toda criança deve ter o comportamento adequado a sua idade. Pular etapas da fase infantil é prejudicial ao desenvolvimento da criança e pode trazer sequelas na idade adulta.


“A infância é um chão que a gente pisa a vida inteira.” Ariane Osshiro

É importante lembrar que as crianças não têm maturidade orgânica, social e afetiva para a ação de namorar. Criança não namora nem de brincadeira, criança brinca, criança é amiguinha da outra e apenas isso. As crianças têm vínculos de amizade inocentes e cheios de carinho, gostam de abraçar, beijar, ficar junto, mas tudo isso não significa que seja com outras intenções senão as de demonstrar afeto. Cabe à rede de apoio, orientar sobre o que é apropriado a cada faixa etária e conversar sobre as emoções e os sentimentos, incluindo o amor, que pode ser demonstrado por meio da amizade, um vínculo que deve estar presente na infância, ao contrário do namoro.


Isso não quer dizer que as crianças não possam ter curiosidade a respeito do mundo adulto e queiram satisfazer esse interesse pelo que observam, por meio da interpretação lúdica desses papeis. Mas é fundamental que tenham clareza dos limites que existem entre o brincar e a realidade, o que pode ser compartilhado e o que invade os limites do outro, e o que é saudável para cada fase da vida.


Esse direcionamento deve ser dado sempre pelos adultos, por isso é necessário conscientizar a população sobre a importância da criança aproveitar sua infância com plenitude, e ter relacionamentos de amizade; alertar pais, professores e a sociedade como um todo sobre os riscos de expor as crianças a condutas próprias da idade adulta.


Caso o papo de namoro surja muito cedo, por parte da própria criança, é importante uma conversa com linguagem acessível, sem repressão ou em forma de briga, mas sim, informação e aprendizado. Se for necessário, utilização de livros e histórias lúdicas. A criança apenas reproduz comportamentos, sem compreendê-los. A hora de namorar vai chegar. Antecipar essas sensações só causam angústia à criança. É preciso reconduzi-la ao mundo infantil.


Precisamos direcionar a energia das crianças para o brincar, para o conhecimento, para os esportes, os estudos, e aguardar a maturidade completa para a entrada na puberdade. Não é preciso estimulá-la nessa direção. Dar tempo ao tempo é a melhor resposta. Criança não namora.


“A personalidade da criança está em formação, enquanto aprende a se relacionar e a administrar as regras de convivência. Uma infância bem vivida promove um adulto emocionalmente saudável”

REFERÊNCIAS:

  • Portal Lunetas - Um portal de notícias para ampliar múltiplos olhares sobre as muitas infâncias do Brasil

  • Instituto Alana - Comunicação, advocacy e informação para os direitos das crianças e adolescentes.


IMAGEM:

  • Mario Soares


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page