top of page
Buscar
  • Foto do escritorYanara Miranda

DECOLONIALIDADE

Decolonialidade, decolonialismo ou pensamento decolonial são estudos que trazem uma abordagem diferente da História - por registrar uma visão crítica sobre o passado e sobre suas mazelas e suas sequelas. Em vez de retratar os acontecimentos da forma como foi nos ensinado, com o foco na Europa Ocidental, a decolonialidade conta os mesmos eventos a partir da perspectiva de povos que foram oprimidos em termos culturais, econômicos, sociais e religiosos. Isso inclui sociedades latino-americanas, africanas e indígenas – e, claro, o Brasil.


Para entender melhor a decolonialidade e/ou pensamento decolonial, precisamos voltar e repensar a colonização. O colonialismo foi um período histórico marcado pelas navegações e descobertas de novos continentes. Esse processo configurou a dominação de determinados países sobre outros, mais precisamente, o domínio das metrópoles sobre às colônias, estabelecendo uma relação de superioridade dos povos colonizadores em relação aos povos colonizados.


Os povos colonizadores, ao se estabelecerem nas colônias, trouxeram com eles um modelo de colonização marcado pela dominação e exploração, sob o território, à cultura e à religião dos povos colonizados. Ao se estabelecerem nas colônias, os colonizadores controlavam os saberes e os fazeres dos colonizados, impondo a eles costumes e práticas advindos de seu continente de origem e, consequentemente, alimentavam a desvalorização da cultura local.


A colonização deixou a ideia, até os dias de hoje, de que colonizadores são povos melhores, em todos os aspectos, do que os povos que já estavam no território antes, os colonizados. Isto porque os povos subalternizados são submetidos como inferiores, sendo negados em relação a sua intelectualidade, racionalidade e capacidade.


Nesse contexto, o conceito de Colonialidade pode ser definido como: uma estrutura de dominação ou padrão de poder que permanece enraizado em nossa sociedade, mesmo após o fim das relações coloniais. A Colonialidade se configurou como o “lado obscuro e necessário da Modernidade”, ou seja, é a forma dominante de controle de recursos, trabalho, capital e conhecimento. Dessa forma, por mais que o colonialismo tenha sido superado, a colonialidade continua presente nas mais diversas formas e, sobretudo, nos discursos reproduzidos cotidianamente em nossa sociedade, como por exemplo, o racismo.


desumanização, ou seja, a perda da existência do ser, tanto em relação ao ato de existência do ser humano como também em relação às suas capacidades e valores éticos e morais, postos à comparação do padrão colonizador.  Ideias enraizadas sobre uma cultura imposta pelos colonizadores.


Um exemplo seria a negação da existência dos povos indígenas durante o período colonial, em que eram considerados como povos selvagens, não civilizados e “sem alma”. Como também, os povos africanos que vieram escravizados e foram submetidos ao poder do colonizador – que renegava a cultura e costumes do povo africano em detrimento de seus interesses.


O conceito de decolonialidade surge como uma proposta para enfrentar a colonialidade, e as consequências do período colonial. A decolonialidade é considerado como caminho para resistir e desconstruir padrões, conceitos e perspectivas impostos aos povos subalternizados durante todos esses anos. Além de dar visibilidade a povos e culturas silenciados durante séculos.


Decolonialidade é considerado um projeto de libertação social, político, cultural e econômico que tem como objetivo dar respeito e autonomia não só aos indivíduos, mas também aos grupos e movimentos sociais, como o feminismo, o movimento negro, o movimento ecológico, o movimento LGBTqia+, etc. 


O pensamento ou atitude decolonial considera que a sociedade foi construída a partir das violências do processo de colonização. Decolonizar é, portanto, um movimento de apropriação da história e da cultura a partir da perspectiva histórica dos povos oprimidos. 


Como podemos decolonializar nossos pensamentos, consequentemente nossas atitudes, e transformar a cultura racista em que vivemos? Entender que boa parte do que aprendemos é uma construção histórica feita a partir do ponto de vista europeu – e que o povo brasileiro não é europeu, tem uma história diferente deles.


Outro exemplo seria entender que a música nacional – como o samba e o funk – são ritmos tão criativas e sofisticadas quanto o pop, o rock ou a música clássica. Ou, ainda, questionar porque esses ritmos foram e são desvalorizados na nossa cultura.

Questionar o padrão de beleza centrado em fenótipos do norte da Europa, como cabelos loiros e olhos azuis, como o único com valor estético. Questionar os livros que nos contaram a história e os escritores que escreveram essa história.


Ler livros e conteúdos que retratam outra perspectiva da história, com autores e autoras que contam a narrativa dos povos colonizados. Entrar em contato com a diversidade de culturas e religiões, que os povos africanos e povos indígenas podem oferecer, por exemplo.


Questionar seus próprios padrões, sua disposição para acessar o diferente do que não te ofereceram. Questionar por que não te ofereceram todas as partes da História. Buscar informação e buscar ouvir e se alimentar de conteúdos diversos.


A decolonialidade são exercícios para o antirracismo das pessoas brancas. É preciso se desfazer dos aprendizados colonizadores que moldaram nossa maneira de pensar, de enxergar o Brasil e que construiu a sociedade racista em que fazemos parte. Então vamos decolonializar?


REFERÊNCIAS:

  • Documentário Guerras do Brasil

  • Ailton Krenak , líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena Krenaque

  • Sônia Guajajara,  indígena do Povo Guajajara/Tentehar e ministra dos Povos Indígenas

  • Angela Davis "O Legada da Escravidão: parâmetros para uma nova condição da mulher" , "Mulheres, Raça e Classe"

  • Djamila Ribeiro “Quem tem medo do Feminismo Negro?” , "Manual Antirracista"

  • Cida Bento ""O pacto da branquitude"

  •  Zélia Amador de Deus "Caminhos trilhados na luta antirracista"

  • bell hokks “O feminismo é para todo mundo”

  • Silvio Almeida “Racismo Estrutural”

  • Carla Akotirene

  • Aníbal Quijano

  • Luana Genot

  • Kabengele Munanga

  •  Lélia Gonzalez

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page