Se eu puder dar um conselho: tenha amigas, sim, no feminino. Esqueça tudo aquilo que te ensinaram sobre rivalidade feminina, desconstrua conceitos e sentimentos que te levaram a competir, se comparar e julgar outra mulher. Fomos colocadas por séculos e, ainda somos colocadas uma contra as outras, porque de forma inconsciente e consciente, a sociedade sabe a potência que reverbera a amizade entre mulheres.
“As conexões entre as mulheres são as mais temíveis, as mais problemáticas e a força potencialmente mais transformadora do planeta”. Adrienne Rich
Interessa ao patriarcado racista que não criemos laços e redes de apoio, que acreditemos que cada uma de nós está sozinha lutando por aquilo que supostamente importa: a atenção e aprovação de um homem. Dessa forma, durante séculos, não dividimos nossas dores e não nos articulamos para garantir nossos direitos.
A amizade entre mulheres é revolucionária. Com a difusão de ideologias feministas, que popularizaram a discussão sobre o cotidiano feminino e suas barreiras, como a solidão da mulher, as dificuldades quanto à maternidade, os perigos frente à sociedade, casos de violências e abusos, por exemplo, um termo em particular surgiu nos ciclos de amizade atuais: Rede de Apoio - A expressão, conhecida entre o meio feminino, pode significar desde ajuda nas tarefas diárias ao suporte psicológico e emocional.
“Amizade é o nome da rua que leva a gente pra casa” Cristiana Rioto
Tenha uma rede de apoio de mulheres. São elas que entendem nossa complexidade, são elas que compreende nossas dores, são elas que fortalecem nossa coragem, são elas que dividem as mazelas, são elas que segura nossa mão, são elas que sabem dizer verdades com amor, são elas que dividem o silêncio necessário, são elas nossas confidentes. Entenda, também, que existe vários tipos de amiga, para cada momento específico, e que isso só torna ainda mais necessário, ter amigas mulheres.
Amigas que apoiam seus projetos. Amigas com quem você gosta de trabalhar. Amigas para conversar todo dia e também as que demoram para responder. Amigas da vida toda ou aquela amizade relâmpago na fila do banheiro. Amigas que são mães, irmãs e primas. Amigas bem mais novas e a bem mais velhas: são as que dão perspectiva. Amigas parceiras de viagem, de bar, de praia. Amigas que cuidam, que divertem, que ensinam, mandam audiozão e atualizam seus memes. Amigas que dão bronca, que dão presente, que dão carinho, que te dão sobrinhos para amar.
Se você parar para pensar, um minuto, na situação mais difícil que já passou na vida, com certeza, você estava com uma mulher ao lado. Foram elas, que seguraram a barra mais punk que você já teve. São sempre elas que emprestam o ombro, o colo, os ouvidos e, nos lembram quem, verdadeiramente, somos. Só uma mulher é capaz de entender outra mulher.
“Os benefícios de estar em grupos são propostos em ações da saúde, grupos terapêuticos e são extremamente recomendáveis a várias situações. Os grupos que se formam por afinidade e oferecem esse acolhimento, podem ser espaços para compartilhar as questões com as quais a mulher lida e ver seus desafios espelhados em outras pessoas, compartilhar dificuldades e receber – ao invés de cobrança e julgamento – identificação e suporte, observar modelos de formas de enfrentamento e poder incorporá-los. A troca de experiências, saber que não se está sozinha, o fortalecimento de relações interpessoais, aprendizado e prática de habilidades para o convívio social – como a efetividade/ assertividade, acolhimento e validação de seus sentimentos/emoções, melhoram muito a saúde mental”. Rafaela Brandão
As mulheres se encontram em suas potências e nas suas vulnerabilidades. As mulheres sobrevivem apoiando as mulheres. Existe nessa amizade uma relação de afinidade e identificação. Quando uma mulher enxerga outra mulher como parceira de vida, o machismo perde força. O poder feminino está de fato nas suas alianças com mulheres. Juntas somos sempre melhores.
REFERÊNCIAS:
Adrienne Cecile Rich foi uma feminista, poeta, professora e escritora dos Estados Unidos
Cristina Minioli Rioto é formada em Artes Cênicas pelo Teatro Escola Célia-Helena. É escritora, comunicadora.
Rafaela Brandão psicóloga
“O feminismo é para todo mundo” bell hokks
“Feminismo em Comum” Marcia” Tiburi
“O Segundo Sexo” Simone de Beauvoir
Aulas do curso Feminismo: Porque Lutamos? da Escola Nacional de Formação Castro Alves
IMAGEM
Artista Estela Carregalo
Comments