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  • Foto do escritorYanara Miranda

MÃE SOLO - solteira é estado civil

Mãe solteira, mãe-pai, pãe, e tantas outras formas de denominar, o que na verdade é mãe solo.


Há alguns anos, entendemos que mãe é condição, e solteira é estado civil, que independe da condição de ser mãe. Tem um tempo, também, que entendemos que muitas mulheres exercem sua maternidade de forma SOLO, mesmo com o estado civil casada ou separada. O problema é que só o fato de ser mãe, já não deveria ser solo. Porque se existe uma mãe, também existe um pai. Porém muitos deles, são apenas genitores. Ou seja, só existe a mãe solo, porque um homem não exerce sua paternidade de fato.


MÃE SOLO é aquela mãe que assume a responsabilidade exclusiva pela criação de seus/as filhos/as. De acordo com o (IBGE), elas são mais de 11 MILHÕES DE MULHERES, sendo 61% NEGRAS. 63% das casas lideradas por mulheres estão abaixo da linha da pobreza. Colaboram para esse cenário o maior desemprego entre as mulheres (13,9% contra 9% dos homens), os menores salários recebidos por elas (em média, 20,5% a menos em comparação com os homens) e as possíveis restrições que ser mãe solo pode gerar no desenvolvimento profissional dessa mulher.


O termo mãe solo representa um pouco melhor a realidade de mulheres que dão conta sozinhas de todas as demandas dos/as filhos/as, porque a maternidade não é um estado civil, nem está presa a um modelo de família. É possível, por exemplo, ter filhos de relacionamentos, sem necessariamente estar casada “no papel”. Ainda assim, essa mulher será uma mãe.


Uma mulher também pode ser oficialmente casada e, na prática, exercer um papel de mãe solo, porque falta parceria nessa missão. Uma maternidade totalmente solitária, sobrecarregada por todas as demandas dos filhos, mesmo essa mulher teoricamente acompanhada do pai - talvez essa seja a maior porcentagem de casos, dentro dos lares por aí.


Da mesma forma, há aquelas mulheres que terminam um relacionamento e, de repente, se veem sozinhas cuidando dos filhos e do sustento deles, porque o pai os abandonou, ou se limita a ser aquele “pai de final de semana ou das férias”, mas, no dia a dia, toda a carga emocional e de trabalho está com a mãe. Há aquelas ainda, que deixam de contar com a parceria do pai da criança a partir do momento que anunciam que estão grávidas.


Mães solo têm conseguido criar e educar seus filhos, mesmo enfrentando graves dificuldades em uma sociedade omissa com relação aos direitos das crianças, e permissível em relação as obrigações dos pais. O Estado patriarcal brasileiro não oferece às crianças a condição efetiva de prioridade absoluta, estabelecida na Constituição Federal. Creches, espaços públicos de cuidado e lazer são inexistentes exatamente nos locais mais necessitados e precarizados. Como também, faz muito pouco a respeito de homens que abandonam suas paternidades.


Com a desigualdade de direitos e de obrigações nas relações sociais de gênero, e com a preservação do Estado patriarcal no Brasil, a paternidade é optativa. O mesmo não se pode dizer sobre a maternidade, que é compulsória. A interrupção da gravidez no Brasil ainda é criminalizada. Essa desigualdade de tratamento pelo Estado é uma violência institucional contra as mulheres, sua autonomia e dignidade, agravada pelo fato de que mães solos não contam com apoio efetivo da sociedade ou do Estado.


Atrelado a tudo isso, ainda temos uma cultura eminente que coloca a mãe como única responsável com os cuidados dos filhos/as. Como se para criar um ser humano, não precisasse de uma rede de apoio que dê conta de todas as demandas para o desenvolvimento integral do indivíduo. Mães solo são abandonadas pelo pai da criança, pelas amigas e amigos, pela família, pelo estado. Na cultura patriarcal, “quem pariu Matheus que embale”.


Quantas maternidades solitárias existem a nossa volta, não é mesmo?!

Quantas mães solos você conhece?



REFERÊNCIAS:

  • “O feminismo é para todo mundo” bell hokks

  • “Para Educar Crianças Feministas” e “Sejamos Todos Feministas” Chimamanda Ngozi Adichie


IMAGEM:

Artista Pink Bits

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