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  • Foto do escritorYanara Miranda

PATERNIDADE X masculinidade tóxica

A paternidade e a masculinidade têm sido tema de pesquisas, estudos e atenção de especialistas no país para compreender os efeitos que um pode causar no outro. Para o psicólogo Alessandro Marimpietri, que estuda a relação entre os dois conceitos, a masculinidade quando é tóxica pode afetar diretamente os cuidados de um pai com seus filhos. Há atitudes, ações, pensamentos e manifestações que irão interferir diretamente no desenvolvimento da criança. A masculinidade influenciará no modo de exercício da paternidade.


A sociedade patriarcal — na escola, na família, em todos os âmbitos da vida coletiva — propõe um padrão de masculinidade frequentemente associado à violência, hierarquia, poder, autoridade, autoritarismo. Enquanto que a figura paterna na sociedade, representaria a lei, a norma, a proteção, o mundo da cultura. E para a criança e o adolescente, principalmente, representa expectativa de afeto e apoio.


Masculinidades não saudáveis geram negligencias paternas e paternidades ausentes. De forma que, há poucas dúvidas de que a falta da figura paterna traz prejuízos às crianças. De acordo com diferentes estudos, jovens criados nessa situação possuem mais chances de viver na pobreza, abandonar a escola e cometer crimes. Eles também têm o dobro da probabilidade de tirar a própria vida. A masculinidade tóxica pode atrapalhar os homens na descoberta da própria identidade durante a infância, fazendo com que os meninos busquem um ideal de homem pautado pelos modelos masculinos que teve.


“Os seres humanos são feitos de outros humanos, toda vida humana é uma invenção e nossa existência simbólica precede nosso nascimento. Somos marcados por histórias que vêm antes de nós. Nesse sentido, um pai estrutura quem somos e nos dá a chance de sermos algo diferente de suas expectativas.” Alessandro Marimpietri.

O percentual de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento vem crescendo a cada ano no Brasil. Os dados da Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) mostram que o percentual de crianças registradas com “pai ausente” passou de 5,5% em 2018 para 6,9% em 2023 (considerando o período até 6 de junho). Mais de 60 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe em 2023.


O número absoluto de bebês nessa situação tem crescido mesmo com a redução no total de partos. Entre 2018 e 2022, o número total de nascimentos no Brasil caiu de cerca de 2,85 milhões para 2,59 milhões. Ainda assim, o número de recém-nascidos sem o nome do pai na certidão passou de 157,5 mil para 164,6 mil.


A estrutura sociocultural de uma dada sociedade marca a vida de homens (e de mulheres) e por conseqüência exerce efeito sobre a paternidade. Entre os fatores que influenciam a construção social da paternidade está a relação familiar (com o pai, com a mãe e depois com a própria companheira ou mãe de seu filho); as condições sociais e econômicas. Apesar de ter como foco o discurso contra o feminino, a masculinidade tóxica não afeta apenas mulheres. Na paternidade, o discurso de opressão contra as mulheres surge logo no momento em que o homem não é relacionado aos cuidados com os filhos e com a casa.


“Estamos vivendo uma mudança paradigmática nesse sentido. Mas estamos longe de estarmos próximos ao que gostaríamos. Os homens precisam se autorizar a viver um novo masculino, que possa ser sensível, falho, cuidador, respeitoso da diferença e que assuma um papel conjunto, e não de apoio, na criação dos filhos. Tudo isso sem que se sintam menos homens ou ameaçados” Alessandro Marimpietri

Masculinidade tóxica gera paternidades ruins. Só por meio de uma educação emancipatória, questionadora, não sexista e não racista nas escolas e universidades, com o menino e o jovem-homem como protagonistas, podemos desconstruir um padrão violento de masculinidade tóxica e construir um novo padrão, com possibilidade de virmos a ter mais pais amorosos e cuidadores. Homens solidários e fraternos, valorizando a paz e o entendimento entre pessoas e grupos.


REFERÊNCIA:

  • Papo de Homem , Canal de conteúdo do Instituto PDH. Atuam com treinamentos, palestras e ações pró-equidade pensadas especialmente para homens.

  • Ser Cabra Macho, Coletivo formado para promover o debate sobre masculinidades e parentalidades com foco na igualdade de gênero.

  • Psicólogo Alessandro Marimpietri

  • Livro "Seja Homem" JJ BOLA


IMAGEM:

Artista Peve Azevedo

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